A liderança feminina no Brasil tem enfrentado desafios significativos, mas também vem conquistando espaço e trazendo novos olhares ao mundo corporativo. No Centro-Norte, uma região em plena expansão, essa presença é ainda mais crucial, considerando as transformações do mercado e a necessidade de inovação e equilíbrio entre diferentes perspectivas.
Neste mês de novembro, marcado pelo Mês da Consciência Negra, a reflexão sobre diversidade ganha um significado especial. Aqui, destacamos o impacto da liderança feminina em suas variadas trajetórias e vivências, que têm sido essenciais para transformar culturas organizacionais, impulsionar resultados e promover ambientes mais colaborativos e estratégicos.
Este artigo reúne duas perspectivas: a de uma líder experiente e a de outra em início de carreira. Juntas, compartilhamos aprendizados sobre liderança, superação de barreiras e a importância de apoiar e inspirar outras mulheres no mundo corporativo.
Um pouco da trajetória dessas duas mulheres
Ana Flávia – Head de Controladoria
Tornei-me mãe aos 35 anos, hesitante em conciliar a maternidade com a carreira. No entanto, percebo hoje que que essa experiência me trouxe uma nova perspectiva, e eu me tornei uma profissional muito mais resiliente, focada e empática. É inegável que não é uma tarefa simples, conciliar, casa, filho, marido, saúde mental, vida social, estudo etc. É uma jornada árdua que demanda habilidade, mas pensem comigo: Diante de tantos desafios ainda seguimos firmes, motivando, desenvolvendo, liderando, isso significa que realmente estar ali importa! A empresa que incentiva e compreende os desafios da líder/ mãe terá uma aliada fiel e focada em crescimento e desenvolvimento.
Desde cedo em cargos de liderança, consegui observar diversas dores e presenciar muitas mulheres se deixando abater pela falsa ideia de fragilidade perante a “dureza” do mundo corporativo e desistindo da área com a justificativa de não desejar se tornar alguém fria, sem coração e rígida para conseguir liderar e principalmente muitas entendem que não seria possível manter o cargo, exercendo o papel de mãe e esposa. Tendo assim que renunciar à construção de uma família. Por este motivo ressalto: a mulher não precisa renunciar a sua feminilidade, sua maternidade e o desejo que construir uma família, afinal, a multidisciplinariedade é uma forte característica feminina.
Anna Beatriz – Head de marketing e Comunicação
Minha trajetória, longe de ser meticulosamente planejada, foi guiada por oportunidades inesperadas que superaram minhas expectativas.
Quando cheguei ao STG, éramos pouco mais de dez pessoas, e o ambiente predominantemente branco foi um choque para quem sempre viveu em espaços majoritariamente pretos. Contudo, líderes inquietos me desafiaram a expandir minha visão de carreira, refinar habilidades e adotar uma postura de “fazer o que precisa ser feito”.
Antes mesmo de concluir a faculdade, já havia transitado por quase todas as áreas de Relações Públicas. Ao mapear minha trajetória, surpreendi-me com os desafios superados, sejam eles no STG ou como freelancer.
Hoje, liderando um departamento, orgulha-me inspirar outros. Ter uma estagiária preta em minha equipe é emocionante, pois posso abrir portas que um dia também me foram abertas. Internamente, foi um processo de adaptação e afirmação, mas sou grata ao STG por me impulsionar a sonhar alto e a construir um futuro em que representatividade e excelência caminham juntas.
Liderança Feminina e Diversidade no Ambiente Corporativo
Ainda há um longo caminho para que mulheres alcancem plena equidade no mercado de trabalho. Desafios como a desigualdade salarial e a discriminação estética são barreiras recorrentes. Além disso, o estereótipo de liderança, muitas vezes associado a características masculinas, desencoraja mulheres a buscar cargos em certos setores.
O estereótipo de liderança também é uma realidade que desmotiva as mulheres a buscar cargos em determinados nichos – Ainda existe uma relação muito forte entre as características da liderança e a figura masculina, com a ideia equivocada de que para certos ambientes e cargos, uma mulher não transmite a autoridade necessária. Neste sentido, existe um estudo de 2022 que indica que a liderança feminina ajuda a mitigar estereótipos presentes na comunicação, o que contribui em um ambiente melhor e mais inclusivo: https://www.pnas.org/doi/full/10.1073/pnas.2026443119.
Esses fatores contribuem para a síndrome da impostora, que impede muitas líderes de exercerem sua plenitude, mesmo em ambientes que as valorizam. O fato é: Quando mulheres lideram, empresas colhem benefícios expressivos em desempenho financeiro e cultural.
Fomentar a liderança feminina é um movimento estratégico
Quando a liderança feminina é fomentada, quem realmente ganha é a, empresa, visto que as habilidades femininas trazem lucratividade, além impacto na Governança e capacidade inovadora das empresas. Estudos, como os da McKinsey & Company e Boston Consulting Group, apontam que empresas com diversidade de gênero em suas lideranças têm desempenho 14% superior e 93% mais chances de superar a concorrência financeiramente. até impacto na Governança e capacidade inovadora das empresas.
Algumas características da liderança feminina que consideramos essenciais:
- Empatia: A habilidade de compreender as necessidades dos outros beneficia a construção de relações sólidas.
- Comunicação efetiva: Mulheres inspiram, motivam e solucionam conflitos com persuasão e habilidade.
- Colaboração: Integram diferentes perspectivas para resultados superiores.
- Resiliência: Históricas na superação de desafios, as mulheres mantêm o foco em objetivos de longo prazo.
- Intuição e inteligência emocional: Decisões assertivas e gestão de pessoas mais humanizada.
- Gestão de conflitos: Líderes precisam ter habilidade para gerenciar conflitos, e mulheres, em geral, procuram resolver disputas de forma diplomática e encontrar soluções que atendam às necessidades de todas as partes envolvidas.
Alguns estudos que corroboram a nossa perspectiva
Diversidade e Desempenho Empresarial – “The business case for gender diversity” (McKinsey & Company), que analisa como a diversidade de gênero impacta o desempenho financeiro das empresas.
Liderança Inclusiva e Cultura Organizacional – “Gender diversity in the workplace and organizational performance” (Harvard Business Review), que explora como a inclusão e a diversidade de gênero impactam o ambiente de trabalho e a produtividade.
Inteligência emocional e gestão de equipes – The Role of Emotional Intelligence in the Workplace” (Journal of Organizational Behavior), que estuda como a inteligência emocional, muitas vezes mais acentuada em mulheres, afeta a liderança e o desempenho das equipes.
Resiliência e Superação de Desafios – “Resilience in Leadership: A Guide to Leading through Change” (Leadership & Organization Development Journal), que examina como a resiliência impacta a eficácia das lideranças femininas, especialmente em tempos de crise.
Influência nos Resultados Financeiros – “Why Women Are Better Leaders” (Forbes), que discute como as líderes mulheres impactam positivamente a saúde financeira e o crescimento das empresas.
Estudos e Relatórios sobre Liderança Feminina – Women in Leadership” (Catalyst), que detalha os impactos da presença feminina em cargos de liderança no ambiente corporativo.
Conclusão
Apesar do estereótipo de ser o gênero “complicado”, a presença de mulheres em cargos de liderança tem se tornado um fator essencial para a perenidade e sucesso no mundo dos negócios. Além de inspirar outras profissionais, sua presença cria ambientes mais inclusivos, motivadores e produtivos.
Temos sido agentes proativas na formação de alianças e na transformação do mercado como um todo. No entanto, o avanço desse movimento depende tanto de líderes já consolidadas quanto de empresas dispostas a implementar programas de mentoria, revisão de processos seletivos e adequações equitativas em cargos e salários.
Às líderes, quanto mais espaço ocuparmos no mercado, melhor; quanto mais espaço ocuparmos com excelência, melhor. Em nosso escritório temos uma premissa de protagonismo e parceria, como líderes precisamos ter esses dois ‘P’s sob perspectiva, a nossa influência cresce quando usamos nossa experiência para abrir caminho. O impacto coletivo é o que solidifica nossas conquistas individuais e promove mudanças duradouras no mercado.
Ressaltamos, a liderança feminina não é apenas uma questão de representatividade, é um diferencial competitivo indispensável para o futuro corporativo. Por isso, vale refletirmos o que o mercado corporativo pode fazer para promover lideranças femininas mais inclusivas e o que nós, líderes, podemos fazer para impulsionarmos outras líderes?